segunda-feira, 19 de maio de 2008

Imagens

Sinto o coração acelerar,
as mãos frias e o mesmo tremor.
Preservei de igual modo o desejo por ti,
manifestações do nosso amor que
seguirão para sempre comigo.
Na memória trago guardada
a sonoridade da tua voz,
o volume do teu corpo...
Com ela pude traçar cada contorno,
cada detalhe ...
Ao pensar em ti meu corpo pulsa
como se a imagem superasse a presença,
sábio ardil da sobrevivência.
Quando esperar é o que resta,
as imagens fragmentadas da lembrança
transformam-se em alimento da alma.

Catarina Santos

Fragmentos do Estação

Bom dia, seja bem vindo!
São quantos os lugares?
Por aqui...
Oi. Tudo bem com a senhora?
Prefere esta mesa ou aquela outra?
O doutor deseja um drink?
Pois não, madame, vou fechar sua conta.
Por favor, sai um café bem quente!
Ah... o pedido não está do seu agrado...
queira nos desculpar.
Deseja substituir por algo?
Senhorinha, seu troco e... umas balas
para que não se esqueça de nós.
Pratos nesta mesa,
guardanapos e palitos naquela.
Ah, a toalha suja novamente....
Um chopp bem gelado... e...
aquele suco sem açúcar,
ou será com adoçante?
Com licença....
vim aqui só para lhe ver,
deseja algo mais?
Não, não devo..., senhora.
Pois não, doutor... nosso time...
Foi uma grande partida.
Aquele passe, aquele gol, não vi nada igual.
A senhora aceita um coquetel de frutas?
Não tem álcool.

Quando amar é demais

Ouvi um amigo dizer
estar farto de ouvir falar de amor.
Pobre pessoa esta,
amiga dos tempos de infância.
Terá tido algum desencanto
ou uma paixão desmedida?
Terá medo de arriscar-se
ou mesmo perder-se?
Saberá ela das coisas do coração
ou quer apenas delas se afastar?
Poderá ter optado pela praticidade
da relação segura ou prazeres fugazes.
Certamente não terá escolhido sentir
a dor da saudade,
experimentar a possibilidade da perda,
a angústia da espera, a incerteza...
Não escolheu igualmente
viver a alegria do encontro,
o prazer do abraço apertado e do olhar carinhoso.
Não saberá descrever
a beleza do seu sorriso refletida
no sorriso da amada.
O beijo incondicional e a unidade absoluta,
também disto não quer saber.
Escolheu não amar... simplesmente.


Catarina Santos

Magia do Amor

Outra vez mais ao encontro
da esperança, do amor, do convite
que esteve sempre lá.
Um coral de anjos me avisou.
Esperar até um dia qualquer.
Estava eu lá a pensar.
Ao meu lado você,
a realização do Belo,
do amor virtuoso.
Os elementos todos presentes,
a voz pausada, suave e forte.
Na melodia do encanto se
fez presente o convite:
“Vamos tomar um café logo mais?”
O tremor, o temor de uma nova longa espera.
Expectativa, ansiedade, lembranças,
tamanha felicidade .
Mal pude responder... Vamos.
“Eu te telefono”, disseste-me
Uma enorme ansiedade tomou minh’ alma
Quanto dura mesmo o tempo da espera ?
Seguramente, muito mais.
Dura tanto quanto uma queda no mar revolto,
tanto quanto uma noite insone.
Dúvidas, esperança, desejo, amor,
o passar do tempo, frações do tempo.
“Vou sair às seis, te encontro naquele café”
Naquele instante a felicidade eternizou-se.
Quão criança me senti,
sem saber para onde ir, como ir,
o que dizer, como dizer....
Não disse nada, não disse ainda.
Não preciso dizer.
Contamos juntos esse tempo,
Contaremos juntos o tempo para
outros muitos encontros.
Novos momentos, intensos,
nossos, plenos.
Esperaremos muito menos,
espero por muito mais.
Carinho, meu amor, vamos?

Catarina Santos