quinta-feira, 11 de abril de 2013


Sem título
 
Seu sorriso me fez sorriso
Estou totalmente só
E você tal como Sócrates na Academia
A confundir seus discípulos
Quanto mais próximos mais distantes
Que tal um ponto em comum?
Com ou sem aporia
É sempre um começo
A cada dia realizarmos o nosso ser
Ser distante e próximo

Catarina Santos

A espera 
 

Tão longas as jornadas
As noites enluaradas
Até mesmo as horas passadas
Tão longo o tempo
Que nem mesmo o vento
Carrega consigo
Eu a espera do amado
Amante desejado
A tanto tempo esperado
Em muitos versos cantado
Entre encantos e desencantos
De amores perdidos
O avistei nos campos,
Num outono, ainda verdes
Numa bela tarde  triste
Que  ao lhe ver, alegrou-se
Tal como meu coração
A natureza curvou-se à sua presença
E eu, extasiada frente tamanha beleza
Hoje, apaixonada espero avistá-lo
Nos campos, talvez.

Catarina Santos

Carinho

 
Você chegou de mansinho,
Carinho
Huuumm, mais perto
Assim, claro!!!
O que vês com este olhar terno?
Ah....te quero sempre perto, mais perto
Ah....estes campos nos convidam
a rolar nossos corpos sobre eles
O frescor destes  campos.... você...
Carinho, um leve encostar dos lábios
Assim, levemente, bem suave
Ah.... um romance, um amante?
Nossas  mãos  a se tocarem  lentamente, ah....
Suadas,  frias, trêmulas
Posso ouvir  o compassado dos nossos corações
1....3,4 e 1...3,4
Não,  nenhuma palavra,  nenhuma
Só o nossos  olhares,  expressão
da   nossa  voz  mais profunda,
Visceral, tal como o grito primordial,
Desejo intenso, suave...
E selvagem, nossos corpos a rolar pelo campo
Um momento.... uma pausa....o silêncio....
Hum, seu cheiro...seu calor...
Meus dedos ávidos em tocar sua pele,
percorre seus contornos
Toco seus lábios... um beijo, longo beijo
Corpos enroscados,  rolando...rolando...
Os campos, os pássaros, esta brisa.....
Nossos corações em  êxtase, um espasmo e
Nossos corpos se acalmam.
A serenidade, os nossos corpos....
Ah.... estes imensos campos... a nos convidar
Carinho, vamos?

Catarina Santos

Cãozinho

Pretinho ganindo
Assustado, amuado, coitado
Tremulo da dor do abandono
Na rua ainda pequeno.
Escondendo-se de todos
Corria para os cantos

A procura de um abrigo.
Mas, quem o enxergaria,
Quem abrigaria um cão da rua,
Faminto e sujo correndo entre
Os transeuntes?
Solta um ganido da dor,
Agora do chute: sai daqui.....
O estourar dos fogos o atemorizava e
Apenas um esconderijo  buscava
Mas qual o que ?!
Quem se encomendaria com um cão
De rua sujo e faminto?
Não faca isto, disse alguém
Correndo ao encontro do bichinho
Acalentando-o.
O cãozinho, coração acelerado
Aconchegou-se ao colo como
Se filhote fora
O medo foi-se indo até recuperar
A confiança na vida, no outro
Saiu dali faceiro, acho mesmo que estava feliz
Os fogos? Já não o assustava mais
Então, do que mesmo ele fugia?

Catarina Santos

Sobre o tempo
 
Na metade do tempo,
qual é o tempo?
Do que ainda há por vir?
Não há como medir.
Na metade da idade?
Qual idade é a metade?
Então na meia idade, qual é
mesmo a idade?
É melhor não anotarmos a idade!

Catarina Santos

Intrigante Ser

No inicio da caminhada me perguntei,
 quem será tão intrigante ser?
A um olhar desatento apenas uma
pessoa comum...
Diria, uma interessante pessoa comum.
Mas, além da aparência o que a mim
seria  revelado?
Certamente não me ocorreu inicialmente
descortiná-la.
Afinal, nem ao menos merecedora seria
de tamanho interesse.
Um grande carinho se apresentou entre nós
e respeito à sua grandiosidade
lhe dediquei.
Tal como numa caixinha de surpresas,
o enigma seguiu a me oferecer,
pouco a pouco, elementos do desvelar
permitindo-me aproximar do âmago
daquele sublime ser.
Qual dos Deuses se mostrará
neste movimento do velar
e desnudar?
Será Filotes, Apolo, Eros, Atena,
Zeus...
Na sua alétheia a amizade, beleza,
amor, sabedoria  e  deidade
participam de uma única essência,
a sua existência.
Muitos outros modos do seu Ser
permanecem ocultados no  caminho.
Quanto a mim...  continuo na procura
incessantemente.

Catarina Santos

de modo preciso
na melodia da escrita,
em metáforas.
Ficou no desenho das palavras
implícitas, silenciadas no
mais intimo do ser,
o que não ousamos dizer,
nem eu, nem você.
Pra quê?
Quero lhe falar do futuro
selado no clique do aceite
ao convite discreto:
Aceita ser meu amigo,
Amigo?
Tudo dito no digitar do texto,
com um certo mistério.
Dito na cadencia do respirar,
percebida mesmo do outro
lado da tela, e
na dança de cortejo dos
nossos corpos de modo sutil
Dissemos também no beijo esperado,
no encontro desejado e de
tantos outros modos
Hoje vou lhe falar um pouco mais,
mesmo que tenhamos tudo dito
quero deixar escrito.
Aceita se encontrar comigo?

Catarina Santos