A
confundir seus discípulos Quanto
mais próximos mais distantes Que
tal um ponto em comum? Com
ou sem aporia É
sempre um começo A
cada dia realizarmos o nosso ser Ser
distante e próximo
Catarina Santos
A
espera
Tão
longas as jornadas
As
noites enluaradas Até
mesmo as horas passadas Tão
longo o tempo Que
nem mesmo o vento Carrega
consigo Eu
a espera do amado Amante
desejado A
tanto tempo esperado Em
muitos versos cantado Entre
encantos e desencantos De
amores perdidos O
avistei nos campos, Num
outono, ainda verdes Numa
bela tardetriste Queao lhe ver, alegrou-se Tal
como meu coração A
natureza curvou-se à sua presença E
eu, extasiada frente tamanha beleza Hoje,
apaixonada espero avistá-lo Nos
campos, talvez.
Catarina Santos
Carinho
Você chegou de mansinho, Carinho
Huuumm,
mais perto
Assim, claro!!!
O que vês com este olhar terno?
Ah....te quero sempre perto, mais
perto Ah....estes campos nos convidam a
rolar nossos corpos sobre eles O frescor destescampos.... você... Carinho, um leve encostar dos
lábios Assim, levemente, bem suave Ah.... um romance, um amante? Nossasmãosa
se tocaremlentamente, ah.... Suadas,frias, trêmulas Posso ouviro compassado dos nossos corações 1....3,4 e 1...3,4 Não,nenhuma palavra,nenhuma Só o nossosolhares,expressão danossavozmais profunda, Visceral, tal como o grito
primordial, Desejo intenso, suave... E selvagem, nossos corpos a rolar
pelo campo Um momento.... uma pausa....o
silêncio.... Hum, seu cheiro...seu calor... Meus dedos ávidos em tocar sua
pele, percorre seus contornos Toco seus lábios... um beijo, longo
beijo Corpos enroscados,rolando...rolando... Os campos, os pássaros, esta
brisa..... Nossos corações emêxtase, um espasmo e Nossos corpos se acalmam. A serenidade, os nossos corpos.... Ah.... estes imensos campos... a
nos convidar Carinho, vamos?
Catarina Santos
Cãozinho Pretinho
ganindo
Assustado, amuado, coitado
Tremulo da dor do abandono
Na rua ainda pequeno.
Escondendo-se de todos
Corria para os cantos
A procura de um abrigo.
Mas, quem o enxergaria,
Quem abrigaria um cão da rua,
Faminto e sujo correndo entre
Os transeuntes?
Solta um ganido da dor,
Agora do chute: sai daqui.....
O estourar dos fogos o atemorizava e
Apenas um esconderijobuscava
Mas qual o que ?!
Quem se encomendaria com um cão
De rua sujo e faminto?
Não faca isto, disse alguém
Correndo ao encontro do bichinho
Acalentando-o.
O cãozinho, coração acelerado
Aconchegou-se ao colo como
Se filhote fora
O medo foi-se indo até recuperar
A confiança na vida, no outro
Saiu dali faceiro, acho mesmo que estava feliz
Os fogos? Já não o assustava mais
Então, do que mesmo ele fugia?
Catarina Santos
Sobre o tempo
Na metade do tempo,
qual é o tempo?
Do que ainda há por vir?
Não há como medir.
Na metade da idade?
Qual idade é a metade?
Então na meia idade, qual é
mesmo a idade?